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Logística na Amazônia custa R$ 17 bilhões por ano

Cálculos da consultoria Macrologística mostram que até 2020 a cifra será ainda maior, podendo chegar a R$ 33,5 bilhões 

O custo logístico na Amazônia Legal, região que envolve nove Estados (todos da Região Norte e mais o oeste do Maranhão e quase todo o território do Tocantins e de Mato Grosso), chega a R$ 17 bilhões por ano, revela levantamento da consultoria Macrologística. Em 2020, a cifra a ser gasta anualmente para a movimentação de bens na região será ainda maior, R$ 33,5 bilhões, de acordo com cálculos da consultoria.

A Região Norte do Brasil é a mais carente do País em termos de infraestrutura para escoamento de bens consumidos internamente ou exportados. As condições das estradas são precárias e, embora haja longos trechos de rios com potencial para a navegação, apenas uma hidrovia funciona com regularidade atualmente: a formada pelos Rios Madeira e Amazonas.

"Temos na Região Norte a maior bacia hidrográfica do mundo, que hoje é subutilizada. A grande solução logística da Amazônia está no uso das hidrovias, mas há pouco avanço na implantação desses corredores", afirma Olivier Girard, diretor da Macrologística.

A consultoria calculou os eixos mais importantes para a redução do custo do transporte na região. A maior redução seria com a implantação da hidrovia entre os Rios Juruena e Tapajós. Ambos, viabilizam o escoamento da produção do Centro-Oeste pelo Norte. "A estimativa é que o custo de frete cairia pelo menos 40% para o produtor", estima Girard.

É o projeto que geraria a maior economia em relação à despesa global com a logística na região. De acordo estudos da consultoria, a Hidrovia Juruena/Tajapós representaria redução de quase R$ 1 bilhão por ano. O sistema hidroviário, que no Brasil representa só 17% da matriz de transporte (contra 58% do transporte rodoviário), é apontado como a grande solução para a logística na Amazônia.

Segundo a Macrologística, o governo federal deveria investir na hidrovia do Teles Pires - que também seria conectada ao Tapajós -, na hidrovia nos Rios Araguaia/Tocantins, além de garantir recursos para ampliar a capacidade de escoamento na hidrovia do Madeira.

Apesar de haver estudos para implantação de novos corredores hidroviários no País, há no Brasil um embate entre o Ministério dos Transportes e o de Minas e Energia. A relação de ambos já foi bem pior, mas o diálogo institucional ainda carece de mais maturidade para se alcançar o que de fato importa: a construção de eclusas e hidrelétricas ao mesmo tempo.

Especialistas afirmam que o custo de construção das eclusas após a conclusão da hidrelétrica é entre sete e dez vezes maior se comparado a um projeto que prevê a obra conjunta. O exemplo mais recente é o da eclusa construída ao lado da hidrelétrica de Tucuruí, no Rio Tocantins. O custo total foi de R$ 1,6 bilhão. "Com o PAC, o governo construiu a eclusa de Tucuruí, mas os investimentos para a retirada do Pedral do Lourenço não foram feitos. Sem isso, não é possível navegação em escala", afirma Girard.

Transporte de carga tem que ser pensado como sistema, defende Renato Pavan

O presidente da Macrologística, Renato Pavan, defendeu nesta terça-feira (17/9), que os projetos de melhoria da infraestrutura no Brasil tratem o transporte de carga como um sistema, não "em pedacinhos de rodovias". Ele participa do Fórum Caminhos da Safra, realizado na sede da editora Globo, em São Paulo. O Fórum marcou o encerramento do projeto de mesmo nome, realizado pela revista Globo Rural, em parceria com a Scania, em que foram percorridos cerca de 10 mil quilômetros de estradas pelo país.

"Falta no Brasil um planejamento estratégico. A solução não é fazer pedacinhos de rodovias, mas sistema. É de Lucas do Rio Verde a Xangai", disse ele, ao mencionar que a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outras entidades encomendaram estudos para a infraestrutura do país.

Pavan disse que ao longo dos últimos 30 anos pelo menos, governos fizeram planos para resolver o problema da infraestrutura do país, mas sem solução. E ressaltou que a falta de infraestrutura eficiente afeta a competitividade brasileira.

Sobre os atuais estudos sobre competitividade coma CNA e a CNI, coordenados pela Macrologística, ele explicou que começaram pela região Norte do Brasil. Segundo ele, foram identificadas 16 cadeias produtivas de cerca de 50 produtos. Com base nessas cadeias, foi feita uma análise da infraestrutura disponível. "Verificou-se um caos total", disse Pavan.

De acordo com o presidente da Macrologística, foi identificada a necessidade de obras em pelo menos 48 trechos que representariam menor custo de transporte no país. O custo somado dessas obras foi calculado em R$ 150 bilhões.

"Não dá para fazer tudo de uma vez. É preciso eleger prioridades", afirmou Pavan, para quem a obra prioritária, neste momento, é a rodovia BR 364, que liga Cuiabá (MT) a Porto Velho (RO). Ele mencionou também a necessidade de uma ligação eficiente de Sorriso (MT) ao Porto de Santos (SP), a hidrovia do Tocantins e a ligação ferroviária entre Rondonópolis (MT) e Santarém (PA).